Razão da escolha
Decidi ler este livro, pois é a continuação de Um Homem em Constantinopla, que apreciei bastante. Dada a história estar dividida em duas partes e ter gostado bastante da primeira, tinha de ler este livro para saber como terminava.
Reação às primeiras páginas
Tendo em conta que já tinha lido mais livros do mesmo autor, tendo gostado de todos eles, e de ter ficado curioso em relação a este livro, as minhas expectativas eram altas, mas esmoreceram um pouco, pois o livro não seguiu o rumo que esperava.
Resumo
A primeira parte do livro fala maioritariamente do massacre que os Arménios sofreram às mãos dos Turcos, sendo isso descrito através do acompanhamento de Krikor, que decidiu ir para Kayseri ter com Marjan, a mulher que amava, sendo forçado a passar por todas as provações que as mulheres e os idosos tiveram que passar. Quando os guardas turcos descobriram que Krikor era um homem disfarçado de mulher, tentaram matá-lo. Dada a tentativa de afogamento falhada, Krikor sobreviveu e foi acolhido para trabalhar nos caminhos de ferro, até ser capaz de ir ter a Constantinopla, onde Salim Bey, homem poderoso na corte e amigo de Kaloust, o ajudou a regressar ao Reino Unido.
Na segunda parte, Kaloust conhece um intermediário da União Soviética, com quem faz um negócio para obter as obras mais valiosas do museu de S. Petersburgo, a troco de uma quantia relativamente baixa, tendo em conta o verdadeiro valor das mesmas, mas também usando a sua influência para que o intermediário, antigo membro militar russo de alta patente, chegasse ao trono do Irão. O negócio acaba por se concretizar e tudo acontece conforme planeado. Entretanto, a II Guerra Mundial começa e Inglaterra confisca todas as ações de Kaloust da Turkish Petroleum Company, o que, para Kaloust, é uma afronta. Face às pressões exercidas pelos aliados, o Irão é forçado a abandonar o lado da Alemanha e a juntar-se aos Aliados, fazendo com que Kaloust, que adquirira a nacionalidade iraniana tivesse que abandonar França, decidindo ir viver para Portugal.
Na última parte do livro, é-nos descrita a vida de Kaloust em Portugal antes da II Guerra Mundial terminar e após esse acontecimento. Enquanto esteve em Portugal, Kaloust foi detido, mesmo sendo o homem mais rico do mundo, por tentar impor a sua autoridade a um agente da PVDE. Após a guerra terminar, Nunuphar, mulher de Kaloust, decide voltar para Paris, mas este decide não fazer o mesmo que ela, permanecendo em Portugal, onde trava uma batalha judicial com as grandes petrolíferas mundiais, ganhando-a com um acordo antes da primeira sessão do julgamento, pois estas temiam que as suas contas viessem a público. Após a morte da sua mulher e de outros seus amigos, Kaloust decide que, ao morrer, criar-se-ia uma fundação para apoiar as artes, a educação e a ciência, decidindo que esta ficasse sediada em Portugal.
Aspetos a destacar
O aspeto que mais me marcou neste livro foi, indubitavelmente, a primeira parte, pois não tinha consciência do quão grave havia sido o massacre do povo Arménio às mãos dos Turcos, sendo esse efeito ampliado pelo estilo de escrita do autor, que era bastante pormenorizado e realista em inúmeros episódios.
Por outro lado, tal como no livro anterior, gostei de ficar a conhecer a vida de Calouste, apesar de não ter gostado tanto deste livro em relação ao primeiro, dado o grande impacto que a primeira parte deste livro causou em mim.
Recomendação
Para os menos interessados na vida de Caloust Gulbenkian, este livro é uma ótima forma de tomar conhecimento acerca do massacre dos Arménios na Turquia, mas esta obra é muito mais do que isso. Por esse motivo, recomendo que se leia primeiro O Homem de Constantinopla e, posteriormente, Um Milionário em Lisboa, para que todo o enredo seja capturado da forma que julgo ser a correta.
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