domingo, 16 de julho de 2017

Crítica Literária #23 - O Homem de Constantinopla, de José Rodrigues dos Santos

Razão da escolha
Decidi ler este livro por causa de José Rodrigues dos Santos ser um autor que realmente aprecio, dados os temas dos seus livros serem sempre explorados de uma forma bastante interessante e capaz de cativar os leitores, sendo que, para isso, também contribui o seu estilo de escrita, que também aprecio.

Reação às primeiras páginas
O início deste livro é diferente de todos os outros livros do autor, mas, mesmo assim, José Rodrigues dos Santos é capaz de captar a nossa atenção muito facilmente, fazendo com que não queiramos largar o livro após começarmos a sua leitura.

Resumo
Após o prólogo, a história inicia-se com a descrição de alguns momentos da juventude de Kaloust. Num desses momentos, o pai de Kaloust, Vahan, homem poderoso agride o diretor da escola e o seu filho, por este não ter sido o melhor aluno, sendo que o objetivo dessa ação era garantir que Kaloust passasse a ser sempre o melhor aluno por mérito próprio, mesmo que isso implicasse que os professores tivessem de trabalhar mais arduamente com Kaloust que com os outros alunos.

Algum tempo depois, Vahan conseguiu um acordo de exclusividade de fornecimento de querosene para o Império Otomano, tendo esse sido ganho através de cunhas que Vahan possuía junto da corte do sultão e de bakshish, subornos.

Após isso, a família Sarkisian é forçada a abandonar o local onde vivia, não só para poder expandir os seus negócios de tapetes, que já possuía, e de querosene, mas também para fugir ao confronto entre os muçulmanos, os turcos, e os cristãos, arménios. Essa decisão foi tomada depois de Kaloust ter assistido ao seu pai ter sido agredido pelos cavaleiros turcos.

Ao chegarem a Constantinopla, Kaloust tinha que continuar a ir à escola, tendo sido inscrito na escola americana, a mais prestigiada. Como não era muito dado a atividades físicas, o médico dos Sarkisian, passou um atestado médico para que Kaloust não tivesse que fazer educação física, fazendo com que Kaloust passasse a ter um furo durante as suas aulas.

Foi durante um desses furos que Kaloust fez o seu primeiro negócio: durante muitos furos, Kaloust ia ao bazar de Constantinopla a uma loja que vendia moedas e, interessado pelas mesmas, encontrou uns rapazes que também vendiam moedas, mas a um preço extremamente reduzido. Um dia, perante uma moeda rara, Kaloust comprou-a por uma quantia que o pai lhe tinha dado e vendeu-a ao dono da loja de moedas por uma quantia muito superior, o que fez com que Vahan ficasse muito satisfeito com o seu filho. 

Desta forma termina a primeira parte deste livro. A segunda parte começa quando Kaloust é enviado para França para aprender francês e é lá que conhece mademoiselle Duprés, que, além de ter sido sua tutora nos estudos, também foi sua amante.

A mando do seu pai, Kaloust é forçado a abandonar França e mademoiselle Duprés e vai estudar para Inglaterra, onde conhece Philip Blake, homem com contactos dentro do governo inglês e que lhe transmite algumas informações que permitem a Kaloust ganhar dinheiro na bolsa, a troco de uma comissão. É também em Inglaterra que trava conhecimento com a família Berberian, família arménia bastante abastada, sendo que o verdadeiro objetivo de Kaloust era casar com Nunuphar Berberian.

Quando termina os seus estudos, Kaloust faz uma viagem a Baku, local de onde o seu pai importava petróleo e conhece Zinovieff, também arménio e que era o detentor de terrenos onde o petróleo era explorado. Ao regressar a Constantinopla, escreve um artigo para uma prestigiada revista francesa acerca da sua viagem e, algum tempo depois, é contactado por um editor francês para que escrevesse um livro. Esta proposta foi aceite por Kaloust e, tal como o artigo da revista, este teve também bastante sucesso, fazendo com que o chefe da família Berberian cedesse a mão de Nunuphar a Kaloust.

Face ao agravamento das perseguições aos arménios por parte dos turcos, Kaloust vê-se forçado a fugir de Constantinopla e a estabelecer-se em Inglaterra, indo morar para uma casa que prometera comprar anos antes. Na viagem da Turquia para Inglaterra, Kaloust força a que a viagem seja atrasada para deixar entrar Zinovieff que estava a ser perseguido pelos turcos, o que valeu com que este lhe cedesse uma posição na sua empresa como seu representante.

A terceira parte da obra descreve um pouco da vida de Krikor, filho de Kaloust, mas o grande foco continua a ser a de Kaloust, mais direcionada para os negócios que envolvem as empresas petrolíferas, os grandes luxos que rodeavam Kaloust e também a influência da procura da perfeição na arte.

Aspetos a destacar
Apesar de ter uma vaga ideia do que trataria este livro, fiquei surpreendido, pois, apesar da fundação Calouste Gulbenkian ter uma grande reputação em Portugal, eu nada sabia acerca da vida do homem que lhe dava nome e este livro conseguiu de forma extremamente cativante dar-ma a conhecer.

Neste sentido, é de destacar a habilidade que José Rodrigues dos Santos tem de contar a vida de uma pessoa através de um livro extremamente interessante, pois quase que seria possível considerar este livro uma biografia, sendo, na realidade, um romance baseado em factos reais.

Recomendação
Para todos os que apreciam o estilo de escrita de José Rodrigues dos Santos, recomendaria este livro, mas também o recomendaria a todos os que desconhecem quem foi Calouste Gulbenkian. De seguida, irei ler Um Milionário em Lisboa, que é a continuação deste livro e, se este já o achei fantástico, as minhas expectativas serão altas em relação a esta obra.

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