Razão da escolha
Decidi ler este livro por dois motivos: por um lado, esta obra foi-me recomendada por um familiar e, em segundo lugar, porque gosto bastante do estilo de escrita de Eça de Queiroz.
Reação às primeiras páginas
Reação às primeiras páginas
Como já tinha acontecido em Os Maias, esta obra também começa com alguns aspetos que nos despertam a atenção, nomeadamente o resumo da vida de Jacinto “Galeão”, avô do protagonista, e, posteriormente, a descrição mais pormenorizada da vida na juventude do protagonista, Jacinto.
Resumo
Este livro encontra-se dividido em duas partes, em que podemos verificar o contraste na vida de Jacinto.
Na introdução, Jacinto é-nos apresentado como um homem rico, que vivia em Paris e que achava que a verdadeira felicidade se encontrava na Cidade e que, por esse motivo, enchia o 202, como era conhecida a sua casa, de Civilização, isto é, de todas as máquinas que achava serem úteis na sua vida, de incontáveis livros e de quase todas as publicações periódicas de vários locais da Europa.
Depois de Zé Fernandes, amigo de Jacinto e narrador deste livro, voltar de Guiães, no Douro, este encontrou Jacinto muito aborrecido com a vida, sendo este sentimento justificado pela fartura que Jacinto tinha da Cidade e da Civilização, pois já não sentia qualquer prazer em ir a nenhum evento social, já que todos acabavam por ser semelhantes, nem em dar os seus passeios, em que via sempre as mesmas pessoas, nem mesmo quando as mais altas figuras da sociedade se encontravam consigo.
A segunda parte começa quando Jacinto decide ir a Tormes, no Douro, para assistir à cerimónia da transladação dos ossos do seu avô, Jacinto “Galeão”. A viagem não correu de acordo com o previsto, pois Jacinto tencionava levar um pouco da Cidade para Tormes, mas isso não aconteceu, uma vez que as malas e os caixotes que Jacinto havia expedido de Paris acabaram por ir parar a Espanha por engano.
Quando chegou a Tormes, devido ao problema com a sua bagagem, Jacinto e Zé Fernandes apenas possuíam o que tinham vestido e pouco mais. Inicialmente, Jacinto planeava ir a Lisboa no dia seguinte, mas mudou de ideias, pois, ao contrário do que afirmava quando era jovem, passou a achar que se podia viver plenamente realizado no campo, uma vez que Jacinto gostava imenso dos encantos e da simplicidade que encontrava na natureza. Além disso, Jacinto tinha imensos planos para Tormes, mas acabou por abandonar as suas ideias mais arrojadas, pondo em prática só alguns dos seus planos, tais como construir casas novas e com melhores condições para os seus criados, ou apenas renovar as que estavam em melhor estado; e ligar, por telefone, Tormes ao boticário de Guiães e à casa de Zé Fernandes.
O livro termina quando, após alguns anos, Zé Fernandes, regressa a Paris e constata que quase tudo se mantinha inalterado, fazendo-o regressar a Guiães.
Aspetos a destacar
Na minha opinião, o estilo de escrita do autor merece destaque porque, apesar de já ter lido outros livros de Eça de Queirós, foi a primeira vez que notei, verdadeiramente, o realismo da sua escrita.
Outro aspeto que merece destaque é a dualidade apresentada entre a Cidade e as Serras. Como este livro foi escrito na fase final da vida do autor, já não está tão presente a forte crítica social que fez noutros livros, mas podemos encontrar claramente a crítica entre dois espaços físicos: a Cidade e as Serras.
Por um lado, o autor caracteriza a Cidade (Paris) como um local onde se pode encontrar todas as tecnologias, toda a imprensa e literatura e também grande parte das pessoas que têm maior influência na sociedade. Contudo, apesar de todas essas virtudes, a Cidade, com o passar do tempo, torna-se um local que nos satura, visto que a rotina é sempre igual.
Por outro lado, o autor valoriza as Serras, devido à sua simplicidade, o que contrasta com a Cidade, que é um local onde é impossível encontrar calma, visto que os dias lá são repletos de atividade.
Recomendação
Recomendaria a leitura deste livro, pois o estilo de escrita de Eça de Queirós permite que compreendamos sem dificuldade a mensagem que quer transmitir, que é a dualidade apresentada entre a Cidade (o progresso e a civilização) e as Serras (tranquilidade e simplicidade).
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