Razão da escolha
Já há algum tempo que li este livro e que tenho esta crítica guardada no meu computador, mas, quando decidi ler este livro, fi-lo por curiosidade, despoletada por uma apresentação de um colega da minha turma, além de também pensar que esta seria uma obra que me iria preparar para o estilo de escrita de Eça de Queirós, quando fosse ler Os Maias.
Resumo
O livro relata a história de Teodorico Raposo, sobrinho e único herdeiro de Dona Patrocínio das Neves, senhora muito religiosa que desaprovava veementemente qualquer amor ou “relaxação”. Por outro lado, Raposo era um homem que só tinha como objetivo ficar com a herança da sua tia, mas, para isso, era necessário que ele fosse um homem tão religioso como ela era. Contudo, ele não acreditava em Deus, e, para se apoderar da fortuna, ele vivia duas vidas: uma muito religiosa e outra cheia de obscenidades.
Raposo faz uma viagem a Jerusalém a pedido da sua tia, que o incumbe de trazer uma relíquia muito valiosa do ponto de vista religioso. Nessa viagem, conhece um alemão muito culto que o acompanha, guiando-o e dando-lhe explicações acerca de vários locais e monumentos. Antes de partirem para Jerusalém, fazem uma paragem em Alexandria, onde Raposo se envolve com uma luveira, cujo nome era Mary. Antes de seguirem viagem, Mary oferece-lhe uma camisa de dormir que o acompanha durante toda a sua jornada.
Ao contrário do que a sua tia lhe havia pedido, Raposo não rezou nada em nenhum local, fosse ele sagrado ou não. Em Jerusalém, Raposo e Topsius presenciam a execução de Jesus, na companhia de outros judeus que desejavam que essa execução fosse feita, ao contrário de Raposo. Tal como havia prometido à sua tia e aos amigos dela, recolheu todas as relíquias que lhe tinham encomendadas, sendo a da sua tia a mais sagrada: a coroa de espinhos usada por Jesus.
Depois da sua peregrinação, regressou a sua casa e, no momento em que a sua tia ia desembrulhar a coroa de espinhos, encontrou a camisa de dormir de Mary, o que fez com que Raposo fosse expulso de casa e fosse deserdado. A camisa de dormir de Mary foi trocada pela coroa de espinhos porque os seus embrulhos eram muito semelhantes e, ainda em Jerusalém, Raposo enganara-se e dera a coroa de espinhos a uma mulher que estava a chorar em vez da camisa de dormir de Mary.
Uma vez deserdado, Raposo viu Jesus que lhe disse que a hipocrisia não tinha qualquer valor, uma vez que ele levava uma vida falsa e religiosa e uma outra obscena que era a sua realmente. Acrescentou também que não fora ele, Jesus, a trocar os embrulhos mas Raposo e que fora a sua hipocrisia e a falsidade que o levaram a ser deserdado.
Reação às primeiras páginas
Gostei bastante das primeiras páginas, pois, desde cedo, Eça de Queirós utiliza bastante a ironia e cria muitas situações onde está presente o cómico de situação.
Aspetos a destacar
Acho que é importante destacar a capacidade descritiva de Eça de Queirós por ser bastante pormenorizada e mostrar como são certas situações e também algumas paisagens. Este aspeto também tem um lado negativo, pois a pormenorização é tal que há certas partes do livro que são muito aborrecidas.
Também é importante destacar as personagens que o autor cria: Raposo é um vilão, é falso e um hipócrita que só deseja que a sua tia morra. Este seria uma pessoa odiosa, mas que o autor nos faz com que nos agrade, fazendo-nos odiar a D. Patrocínio. Isto é algo que merece destaque, uma vez que que nem todos os autores têm esta capacidade.
Um outro aspeto que merece destaque é a capacidade de Eça utilizar a ironia para criar os mais diversos cómicos de situação, que ajudam a acentuar a crítica que o autor pretende fazer à sociedade portuguesa do seu tempo.
Recomendação
Esta obra, sem dúvida, ajuda a entender a forma como Eça de Queirós escreve, além de ser um livro bastante cómico e uma sátira à população portuguesa do tempo do autor. O único aspeto negativo que vejo neste livro é o facto de as descrições serem demasiado pormenorizadas, o que pode fazer com que o livro perca o interesse.
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