Razão da escolha
Este livro insere-se na coleção que o jornal Expresso está a publicar da obra essencial de Camilo Castelo Branco e, como já me tinha sido recomendada a leitura de um livro deste autor, optei por escolher este, apesar de não ter pesquisado muito acerca dele. Além disso, escolhi ler este livro para tomar conhecimento do estilo de escrita de Camilo Castelo Branco.
Reação às primeiras páginas
Este livro começa com um bilhete que é encontrado dentro de um livro, servindo este como modo de nos despertar a curiosidade para que queiramos ler e saber o que acontece no decorrer da obra. Como gostei disso, decidi ler o livro, mas, ao longo do tempo, senti-me um pouco perdido.
Resumo
Este livro mostra como era a vida das pessoas que viviam no Alto Minho após as lutas liberais, cruzando-se, simultaneamente, com um romance vivido por três personagens, Marta Prazins, que era amada por Zeferino, um pedreiro a favor de D. Miguel, e que também era amada por José Dias, que era o verdadeiro amor de Marta, mas este, devido a questões de saúde, acaba por morrer.
Durante grande parte do livro, vemos como os miguelistas ainda lutavam para tentar aclamar de novo D. Miguel, mas sem nunca terem sucesso. Este livro serve também para criticar os miguelistas, nomeadamente os morgados, pois o autor descreve-os, geralmente, como bêbados e estúpidos, pois os seus atos, apesar de, por vezes, serem bravos, são irrefletidos, trazendo-lhes consequências nefastas que eles não previram quando tomaram essas decisões. O melhor exemplo disso é quando um homem, não abastado, mas muito parecido a D. Miguel, engendra um plano em que se faz passar por ele com o objetivo de ganhar dinheiro à custa dos morgados miguelistas, tendo quase obtido sucesso não fosse um padre amigo de um morgado e tentasse averiguar se o homem que se dizia ser D. Miguel era realmente quem dizia ser. Alguns miguelistas ainda caíram no engodo montado pelo falso D. Miguel, perdendo dinheiro ou perdendo alguns anos de vida numa luta infrutífera.
Depois de tudo isto, o livro foca-se em Marta, sendo que, nessa parte do livro, Zeferino já não tem muita influência. É de destacar que Marta sofria de uma doença hereditária, tendo ataques de epilepsia e alucinações, em que via o seu amado José Dias, que já estava morto. Além disso, como José Dias morrera, Marta casara-se com o seu tio, Feliciano, a pedido de seu pai, quando este estivera à beira da morte, mas que acabou por sobreviver. Há ainda que realçar que, a dada altura, Marta foi exorcizada, pois uns frades, que nada sabiam de medicina, julgavam que esta estava possuída por demónios, o que só piorou a sua condição. Estes episódios, relatados após a caracterização do estado do Minho após as lutas entre liberais e miguelistas, servem para mostrar como uma parte do povo ainda acreditava que algumas doenças, como a epilepsia e a demência, eram causadas pelos demónios.
Aspetos a destacar
Na minha opinião, este livro merece ser destacado pela positiva devido à caracterização que faz acerca de como era Portugal no período após as lutas que existiram entre os liberais e os absolutistas, bem como a caracterização que faz do povo, sendo que uma parte deste era muito religiosa e pouco instruída, ao passo que a outra, apesar de ser religiosa, era mais instruída, atribuindo algumas causas das coisas a efeitos naturais e não religiosos. Além disso, é de salientar que, apesar de se dizer que o autor era a favor dos miguelistas, estes foram criticados duramente, tendo sido caracterizados como bêbados, estúpidos e ingénuos.
Porém, este livro não merece apenas um destaque pela positiva, visto que, em algumas partes, era muito maçador, dadas as suas intensivas descrições, que, apesar de não as apreciar, contribuem para a caracterização de como era Portugal nessa altura. Julgo que isso deva ser considerado como um aspeto negativo, pois, tendo como termo de comparação algumas obras de Eça de Queirós, onde encontramos também longas descrições, estas parecem mais maçadoras, visto que não conseguem ser inseridas na obra de modo a que os leitores sintam que são necessárias.