Razão da escolha
Decidi ler este livro, pois era uma obra que tencionava ler desde há muito tempo atrás, além de sentir alguma curiosidade acerca da mesma, dada a adaptação televisiva que foi feita.
Reação às primeiras páginas
As primeiras páginas não me cativaram imediatamente, mas, dada a curiosidade que o livro já havia criado em mim, decidi continuar a ler até que comecei a ficar realmente interessado no enredo.
Resumo
No início da obra, é-nos apresentado o protagonista, Luís Bernardo Valença, lisboeta, licenciado em direito e dono de uma empresa. Como ele já havia escrito sobre a forma como Portugal explorava as suas colónias, foi convocado pelo rei D. Carlos a ir a Vila Viçosa, onde foi informado que ele fora escolhido como o homem que devia mostrar a Inglaterra que já não existia trabalho escravo em S. Tomé e Príncipe, pois Inglaterra estava a ameaçar boicotar as importações de cacau daí provenientes, sendo, portanto, o governador.
Luís Bernardo aceitou a missão que lhe fora atribuída e, quando chegou à ilha africana, causou furor, começando imediatamente a tentar implementar as mudanças necessárias para que a sua missão fosse bem sucedida. Para isso, visitou todas as roças de S. Tomé para verificar com os seus próprios olhos as condições em que os serviçais trabalhavam e, no final, concluiu que ainda existia trabalho escravo. Entretanto, alguns dos administradores das roças e outros homens com poder na colónia tornaram-se seus inimigos, pois esperavam que o novo governador fosse como os outros e que pactuasse com eles, ao invés de tentar mudar.
Ao fim de alguns meses, chegou David, o cônsul enviado por Inglaterra, também ele com a missão de verificar a situação dos serviçais das roças, e Ann, sua mulher. Luís Bernardo e o casal inglês rapidamente se tornaram amigos, apesar das missões diferentes. Ao fim de algum tempo, Ann apaixona-se pelo governador português, mantendo esse caso durante grande parte do livro.
Ao longo do tempo que esteve em S. Tomé, Luís Bernardo teve que defender dois serviçais que fugiram de uma das roças e que apresentavam sinais claros de maus tratos, visto que o homem que os iria defender estava do lado dos administradores das roças. Além disso, teve de impedir uma revolta na ilha do Príncipe, pois os serviçais eram fisicamente maltratados e uma vez recusaram-se a trabalhar se alguns dos capatazes não fossem despedidos. Gabriel, um homem nascido já na colónia, fora negociar essa situação com o administrador da roça, mas, no final do dia, como não apareceu, alguns dos negros mataram alguns dos homens que queriam ver despedidos. Quando Luís Bernardo chegou ao Príncipe, resolveu a situação sem que mais sangue fosse derramado, de forma justa, o que enfureceu o administrador da roça.
No final, após a visita do ministro do Ultramar e do Príncipe Luís Filipe, Luís Bernardo foi ameaçado com um ultimato da parte dos homens mais influentes de S. Tomé para que desse indicações para Lisboa de que não existia trabalho escravo na colónia, bem como David tinha que dizer o mesmo para Inglaterra, ou, caso contrário, ele e Ann seriam presos, devido a adultério. Perante essa situação, dada a sua impotência, suicidou-se.
Aspetos a destacar
Na minha opinião, o grande destaque deste livro deve ir para todas as situações retratadas pelo autor em que este mostrava que, de facto, existia trabalho escravo nas roças e de todas as situações em que são demonstrados os abusos que os serviçais negros sofriam às mãos dos administradores das roças e de todos os outros homens que com eles pactuavam.
Recomendação
Para todos os que querem conhecer as condições de vida dos habitantes de S. Tomé e Príncipe, quer os brancos, quer os negros, esta é uma ótima obra para isso. Além disso, o autor também mostra como a vida sentimental das personagens pode interferir seriamente com os seus objetivos, tal como Eça de Queirós já havia feito em Os Maias.
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